Einstein entre nós | Museu do Amanhã

Einstein entre nós

Observatório do Amanhã
O cientista alemão Albert Einstein / Reprodução de vídeo

Por Eduardo Carvalho* 

Há 200 mil anos, na África, o ser humano surgia em sua forma mais recente e iniciava uma saga de sobrevivência e expansão pelo mundo. Um século atrás, um alemão de origem judaica chamado Albert Einstein rabiscava uma teoria que, desde então, revolucionaria a ciência mundial.

Essa revolução foi reafirmada há poucos dias, quando uma equipe de cientistas internacionais anunciou que, pela primeira vez, ondas gravitacionais foram detectadas e poderão dar pistas valiosas sobre a natureza da gravidade e a origem do Universo.

Mais de mil especialistas, incluindo sete do Brasil, que integraram o projeto Ligo (sigla em inglês para Laser Interferometer Gravitational-wave Observatory), conseguiram provar mais uma das previsões da Teoria da Relatividade Geral, desenvolvida por Einstein em 1916.

Com a ajuda de dois gigantescos equipamentos instalados nos Estados Unidos, esses pesquisadores detectaram, em 14 de setembro de 2015, sinais da fusão de dois buracos negros, com massas aproximadas de 36 vezes e 29 vezes à do Sol. Esse fenômeno emitiu uma energia tão intensa (50 vezes mais que o brilho somado de todas as galáxias do Universo) e gerou um novo buraco negro, muito maior, com 360 quilômetros de diâmetro.

Detalhe: a “mistura” intergaláctica ocorreu há 1,3 bilhão de anos e só um pouquinho dessa energia foi sentida aqui na Terra, o suficiente para reescrever a história e dar origem à astronomia de ondas gravitacionais.

– Isso muda todo o conhecimento da física e astrofísica – explica, empolgado, Odylio Aguiar, um dos cientistas brasileiros envolvidos na descoberta.

Pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ele afirma que o feito comprova, finalmente, a existência dos buracos negros e poderá contribuir para desmistificar a teoria do buraco de minhoca, um túnel que permitiria viagens no espaço e no tempo – se já assistiu ao filme Interestelar, saberá do que estou falando.

Ondas gravitacionais afetam a minha vida?

Segundo a ciência, ondas gravitacionais são oscilações do espaço-tempo causadas por alguns dos fenômenos mais violentos do cosmos, como a fusão dos dois buracos negros citados. Elas viajam à velocidade da luz – 300 mil quilômetros por segundo, a mais alta das velocidades – através do universo e afetam as massas em seu caminho. É como se o Universo fosse um colchão que, de repente, recebe um impacto em sua ponta. Qualquer objeto que estiver nesse colchão será afetado pela onda gerada pelo impacto.

Agora respondendo à pergunta: a descoberta das ondas gravitacionais por enquanto ainda não afeta a sua vida. Por enquanto. A própria Teoria da Relatividade de Einstein ficou por algum tempo sem uso, até que alguém conseguiu aplicá-la no mundo real. Seus cálculos foram fundamentais para a criação do aparelho GPS e para a exploração da energia nuclear.

– O legado de Einstein está no nosso dia a dia. Ele é irrefutável para os próximos séculos. Agora, é muito difícil prevermos os inventos que vão surgir com a aplicação das ondas gravitacionais. No entanto, engenheiros vão poder usar o conhecimento adquirido agora para fazer novas aplicações, que vão revolucionar a nossa vida e atingir novas dimensões – complementa Aguiar.

Há muito trabalho pela frente para os cientistas. A nós, que não estamos envolvidos diretamente, resta esperarmos e torcermos pelo amanhã. Ansiosos? Esperançosos? Talvez, ambos.

* Eduardo Carvalho é da equipe de Conteúdo do Museu do Amanhã

O Museu do Amanhã é gerido pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão – IDG, e conta com patrocinadores e parcerias que garantem a manutenção e execução dos projetos e programas ao longo do ano. O projeto é uma iniciativa da Prefeitura do Rio de Janeiro, concebido em conjunto com a Fundação Roberto Marinho, instituição ligada ao Grupo Globo.