Índio não é peça de museu | Museu do Amanhã

Índio não é peça de museu

Observatório do Amanhã
Índios da etnia Terena na cerimônia de encerramento da nona edição dos Jogos dos Povos Indígenas (Olinda PE) / Foto: Valter Campanato/ABr

No Brasil, comemora-se o dia 19 de abril como o dia do Índio. Muita gente não sabe que a data foi criada em 1943 pelo então presidente Getúlio Vargas – três anos depois de ter sido sugerida por lideranças indígenas que participaram do Congresso Indigenista Interamericano. Para outras pessoas, ainda, a data serve para celebrar o passado indígena brasileiro, como se as culturas destes povos fossem peças de museu. Não são. E estão vivas e bem ativas. 

Um exemplo disso é o que nos disse Txana-Bane, indígena Huni Kuin da Amazônia acreana. Ele, que veio ao Museu do Amanhã para visitar a exposição Inovanças – Criações à Brasileira, que está para sair do forno, lembrou que o dia do Índio serve para lembrar passado, presente e futuro da convivência entre indígenas e não-indígenas. “Os indígenas somos um povo muito plural, com muitas culturas e línguas”. E assim, para ele, este dia pode ser um momento para se ir mais fundo na formação e no estudo destas diversas culturas, e de valorização, conhecimento e aprofundar a convivência entre indígena e não-indígena. “Para sonharmos juntos, construirmos juntos, planejarmos juntos e celebrarmos a vida, nossos mitos, nosso passado e pensarmos no futuro”.

O dia do Índio pode ser, assim, um momento para celebrar a diversidade de cores, sabores e conhecimentos de povos diversos. O que, conta Bane, ainda é “muito desvalorizado na sociedade brasileira – o sistema em que vivemos hoje tenta destruir e acabar com esta riqueza, tirando a terra e a liberdade dos indígenas brasileiros, tirando o direito à terra – assim se destrói o futuro do Brasil em seu estado natural”. 

Estado natural que não está no lado oposto do desenvolvimento tecnológico – antes, pode andar de mãos dadas com ele. A tribo de Txana-Bane, por acaso, alcançou um feito inédito para muita gente, mesmo nos centros urbanos: construíram um aplicativo junto ao Google para mapear o desmatamento em suas terras e seus locais sagrados e culturais. Uma revolução até para os californianos que trabalharam com os Huni Kuni. Precisa dizer mais? 

Veja o recado de Bane sobre o dia de hoje nas Redes Sociais do Museu do Amanhã.

O Museu do Amanhã é gerido pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão – IDG, e conta com patrocinadores e parcerias que garantem a manutenção e execução dos projetos e programas ao longo do ano. O projeto é uma iniciativa da Prefeitura do Rio de Janeiro, concebido em conjunto com a Fundação Roberto Marinho, instituição ligada ao Grupo Globo.