Exposição recebe atualização sobre espécies ameaçadas | Museu do Amanhã

Espécies ameaçadas são tema de nova atualização da Exposição de Longa Duração

Dados integram a versão mais recente da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza
 

Por Davi Bonela e Felipe Floriano*
 

Mais de 40 mil espécies estão ameaçadas de extinção em todo o planeta. O dado alarmante vem da versão mais recente da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza, e faz parte da nova atualização sobre o estado da biodiversidade global apresentado na Exposição de Longa Duração do Museu do Amanhã. Iniciativa liderada pelo Observatório do Amanhã, que é patrocinado pela Shell, as novas informações podem ser encontradas pelos visitantes no interativo ‘Impacto global’, localizado em Antropoceno, a terceira área da exposição.

“A Lista Vermelha da IUCN é a principal ferramenta de identificação global de espécies que se encontram sob risco ou criticamente ameaçadas de extinção. Tal esforço, de imediato, revela as espécies que requerem medidas de conservação e até de recuperação”, afirma o professor de ecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro do Comitê Científico e de Saberes do Museu do Amanhã, Fábio Scarano. “O mais importante, a meu ver, é que sempre se deve ter em mente que essa lista não é algo para se pôr num quadro e pendurar na parede. O objetivo de qualquer lista de espécies ameaçadas é justamente a de inspirar ações que as retirem da lista”, afirma Scarano.

Aumentam os números de espécies registradas e ameaçadas de extinção

A nova atualização feita na Exposição de Longa Duração mostra aos visitantes do museu que das mais de 140 mil espécies registradas pela Lista Vermelha, mais de 40 mil estão ameaçadas de extinção. Antes da pandemia do novo coronavírus eram mais de 112 mil espécies registradas, sendo mais de 28 mil ameaçadas. 

Atualmente 13% das espécies de aves, 26% dos mamíferos, 41% dos anfíbios e 21% dos répteis estão ameaçados de extinção. Também estão ameaçados 37% dos tubarões e raias, 33% dos recifes de corais, 34% das coníferas e 28% de crustáceos selecionados. 

Exemplos no Brasil

O Brasil possui um dos maiores patrimônios de biodiversidade do mundo. No interativo Impacto Global, em Antropoceno, os visitantes da exposição podem conhecer o estado de conservação de algumas espécies presentes nos diferentes biomas. A onça-pintada e o lobo-guará, antes classificados como vulneráveis, agora estão quase ameaçados. A tartaruga-de-couro, o tatu-bola e o sapinho-narigudo-de-barriga-vermelha, antes em perigo, agora estão vulneráveis. Embora vivam em biomas diferentes, os riscos que ameaçam essas espécies são semelhantes: degradação do habitat, caça predatória e tráfico de animais.

Para Fábio Scarano, as mudanças nos riscos sofridos por essas espécies podem estar relacionadas tanto a ações voltadas para conservação, como também por aumento da atividade científica. Isto é, para algumas espécies tidas como raras ou ameaçadas, novas populações podem vir a ser encontradas em áreas não previamente estudadas. “Um exemplo interessante é o do tatu-bola. Escolhido como mascote da Copa do Mundo de 2014, ele não teve o impacto imediato que os conservacionistas esperavam, mas a recuperação de suas populações pode ao menos em parte ter se devido à conscientização da população e de autoridades acerca do seu status de conservação”, disse Scarano.

Entendendo a Lista Vermelha

Criada em 1964, a Lista Vermelha não só apresenta informações relevantes a respeito da fauna e flora global, mas também serve como uma poderosa ferramenta para alertar e influenciar na criação de políticas de conservação da biodiversidade. Tendo a contribuição de diversos pesquisadores e organizações científicas ao redor do mundo, a lista é constantemente atualizada, ainda que nem todas as espécies sejam avaliadas a cada atualização. 

Nela as espécies podem ser classificadas em até oito categorias de risco de extinção: não avaliada, dados insuficientes, segura ou pouco preocupante, quase ameaçada, vulnerável, em perigo, criticamente em perigo, extinta na natureza e extinta. E o que isso significa?

Espécies classificadas como ‘não avaliadas’ são aquelas que ainda não foram avaliadas pelos critérios de avaliação de risco. Já espécies classificadas com ‘dados insuficientes’ indicam que ainda não há informações suficientes sobre a espécie para avaliar o risco de extinção. As classificadas como 'seguras ou pouco preocupantes' não apresentam riscos de extinção. E quando as espécies estão perto de serem indicadas para uma das categorias de ameaça, elas são classificadas como ‘quase ameaçadas’.

Já nas categorias de ameaça, uma espécie é classificada como ‘vulnerável’ quando apresenta riscos de extinção na natureza. As classificadas como ‘em perigo’ apresentam riscos elevados, e ‘criticamente em perigo’ apresentam riscos extremamente elevados. As espécies classificadas como ‘extintas na natureza’ não são mais encontradas na natureza, apenas em cativeiro. E por fim, as classificadas como ‘extintas’ não são mais encontradas na natureza ou em cativeiro.

Exposição teve mais de 160 atualizações em 2021

No ano passado, além das atualizações feitas a partir do novo relatório do IPCC, outras centenas foram realizadas ao longo da Exposição de Longa Duração. Muitas delas em Terra Nestes Dias, no interativo do Cubo da Matéria, no qual 10 imagens da NASA e da Agência Espacial Europeia sobre o nosso planeta visto de cima são inseridas mensalmente. Assim como na Caverna da Compreensão, em Antropoceno, com 8 vídeos da Agence France-Presse e da Deutsche Welle sobre fatos importantes da nossa sociedade e do nosso planeta.
 

Por Davi Bonela, coordenador de Desenvolvimento Científico, e Felipe Floriano, analista de Desenvolvimento Científico do Museu do Amanhã.

O Museu do Amanhã é gerido pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão – IDG, e conta com patrocinadores e parcerias que garantem a manutenção e execução dos projetos e programas ao longo do ano. O projeto é uma iniciativa da Prefeitura do Rio de Janeiro, concebido em conjunto com a Fundação Roberto Marinho, instituição ligada ao Grupo Globo.