Acordo de Paris: da teoria à prática
O acordo climático global firmado na COP 21, em dezembro de 2015 em Paris – e atualmente em processo de ratificação por um número recorde de países, inclusive o Brasil, até o início de 2017 – consagrou as florestas como parte fundamental da ação internacional pelo clima, fortalecendo ações contra o desmatamento e em favor da restauração de paisagens em larga escala.
Entre os compromissos apresentados pelo Brasil no Acordo de Paris está a restauração de 12 milhões de hectares até 2030, o que demandaria a recomposição da vegetação nativa em quase 60% do passivo em 21 milhões de hectares, em todo o território brasileiro. O cumprimento dessa meta exige uma estratégia de restauração da paisagem que estimule a cadeia produtiva associada à recuperação de ambientes degradados e promova o fortalecimento de uma economia da restauração no país.
Mas o Brasil não está sozinho neste desafio. A América Latina e o Caribe contêm alguns dos ecossistemas florestais mais valiosos do mundo. Porém, nos últimos anos, mais de 40% (650 milhões de hectares) de suas florestas foram desmatados ou degradados. Como resultado, a maior parte das emissões na região são geradas a partir de mudanças no uso da terra.
Interromper o desmatamento pode reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em até 1/3, a um custo muito inferior à redução de outras fontes. Estima-se que cerca de 10% das emissões anuais de carbono no mundo sejam causadas pelo desmatamento - o equivalente ao carbono emitido por toda a frota de carros e caminhões do planeta.
Além disso, a restauração de paisagens e florestas pode neutralizar até 30% das emissões totais, propiciando outros benefícios como a preservação da biodiversidade, proteção das bacias hidrográficas, segurança alimentar, conservação de solos, geração de emprego e renda e salvaguarda dos povos indígenas.