Vivências do Tempo - Matriz Indígena
Vivências do Tempo é um programa do Museu do Amanhã que tem como objetivo criar uma programação variada para, nas palavras do curador Luiz Alberto Oliveira, "o visitante explorar o Tempo como um Viver". No museu, o Vivências do Tempo é uma linha de pesquisa programática que procura aproximar os nossos diversos públicos da riqueza de possibilidades existenciais que as muitas brasilidades que somos nos permitem explorar. A pergunta que nos norteia é: como pensamos o tempo em um país com uma diversidade cultural como a nossa que se conecta com tantas outras referências culturais pelo mundo?
Sua primeira edição tratou do tempo da Matriz Africana. A segunda edição, que se realizará em agosto de 2019, terá como tema Matriz Indígena - A Ecologia das Línguas, tema que se conecta com este que é o Ano Internacional das Línguas Indígenas para a UNESCO. Essa programação está inserida em um dos 5 eixos temáticos do Museu do Amanhã - ECO 4 - Ecologia, Economia, Ecosofia e Ecofolia.
No dia 28 de agosto, às 15h, a primeira parte do programa começa com o Encontro Mi Mawai, que promove a convergência entre as sonoridades da música urbana contemporânea e a música indígena Huni Kuin do músico Txaná Ikakuru. No lounge do museu, o encontro abre espaço para um bate-papo com os músicos e outros convidados sobre os caminhos entre as línguas e as linguagens, incluindo a música.
No dia 01 de setembro, às 17h, a programação contará com a intervenção artística "Outra gente", montada a partir da realização do laboratório de criação intitulado 'Desenhos de escrita', idealizado com a intenção primeira de ler coletivamente o livro A queda do céu, de Davi Kopenawa e Bruce Albert, e assim constituir um espaço de pesquisa e criação.
Inscreva-se na programação do Ecologias das Línguas:
- 28/08 - Encontro Mi Mawai - inscreva-se aqui
- 01/09 - Outra gente - inscreva-se aqui
Luiz Alberto Oliveira*
A proposta do encontro é precisamente a enunciada por seu título: explorar o Tempo como um Viver. Não o Tempo onde estamos, ou habitamos, ou mergulhamos, mas sim o Tempo como aquilo que somos, isto é, o que fazemos. Toda cultura exprimiria então as múltiplas modalidades de duração pelas quais seus praticantes exercem seu existir - os ritmos das mãos, dos pés e quadris e cabeças, das vozes e línguas, dos tambores e palmas; os prazos da preparação, da fruição, da satisfação, do comer, do beber e do amar; as presenças invariáveis dos ancestrais, dos sonhados e dos divinos; os prazos das celebrações, das cerimônias e das festividades; o instantâneo do imprevisto, da novidade, da risada; o sempre, as crianças e as sementes, os moços e os brotos, os maiores e as matas; os céus, as aventuras da memória, os rios, os vôos da imaginação; o mar; a cadência escandida dos parceiros, dos outros, dos iguais, fazendo o coração ser em conjunto, ser muitos. As ocasiões, os jeitos, os vieses disto que, visto à meia frequência, nem em demasiada brevidade nem em excesso prolongado, todos chamamos, pois todos reconhecemos, como Vida.
Para falar deste Tempo que é coração da Vida, ou desta Vida feita de Tempo, talvez nos baste contar histórias. Histórias que contem a História.
*Luiz Alberto Oliveira é o Curador do Museu do Amanhã