Carregue apenas o que for necessário para a sua felicidade

Para reforçar a importância do Dia Mundial do Refugiado, efeméride lembrada em 20 de junho, o Museu do Amanhã apresenta a intervenção artística “Carregue o que for necessário para a sua felicidade”, do artista plástico congolês Serge Makanzu Kiala, educador da instituição.

Estima-se que existam 68,5 milhões de refugiados no mundo em 2019, segundo dados da Agência da ONU para Refugiados (Acnur). Mais da metade desse número é de crianças. Fenômenos culturais, políticos e religiosos são responsáveis por grandes processos de migração humana. Mas acontecimentos climáticos ou ambientais são também fatores causais de deslocamentos forçados.

Para reforçar a importância do Dia Mundial do Refugiado, efeméride lembrada em 20 de junho, o Museu do Amanhã apresenta a intervenção artística “Carregue o que for necessário para a sua felicidade”, do artista plástico congolês Serge Makanzu Kiala, educador da instituição.

Serge é formado em artes plásticas pela Universidade de Belas Artes de Kinshasa, na República Democrática do Congo. Como escultor, passou a ser perseguido depois de expor trabalhos que traziam reflexões políticas sobre a violência e corrupção em seu próprio país. A partir de então, teve início sua história como artista refugiado político, vindo para o Brasil para recomeçar nova trajetória longe da África e de sua família.

A obra

Bicicletas estão entre os meios de transportes mais utilizados no mundo, pois são rápidas e acessam lugares urbanos e rurais, mesmo os mais remotos. Ecológicas, são peças de extrema utilidade e praticidade. No entanto, impõem limites para a reserva de suprimentos básicos de um grupo de pessoas.

Com esse novo trabalho, o artista nos transporta para o problema dos deslocados ambientais, vítimas de fenômenos naturais que abalam a infraestrutura de seus lugares de origem, a ponto de não mais poderem continuar vivendo neles.

É uma reflexão sobre estratégias de sobrevivência criadas por quem se desloca podendo carregar apenas o indispensável para sua sobrevivência. Ser feliz é item de primeira necessidade. É fim sem deixar de ser meio.  

 

O problema

Anualmente, 25 milhões de pessoas migram após serem afetadas por problemas ambientais graves como degelo, inundações, tempestades tropicais, incêndios,temperaturas extremas ficam sem ampla proteção. Os dados são do Centro de Monitoramento de Deslocamentos Internos (IDMC, na sigla em inglês). Um número que deve aumentar.

Não existe atualmente políticas internacionais para ajuda humanitária a quem migrou pela ação da natureza. A própria ONU reconhece esta falha global e vê uma falta de interesse dos países em colocar em prática esta nova política. Há um temor de que, ao se tentar implementar novas categorias de refugiados na atual convenção da ONU, o acordo já existente seja enfraquecido devido às atuais políticas extremistas – muitas vezes xenófobas – contra refugiados. Por isso seria preciso discutir um instrumento tão forte, do ponto de vista legal, quanto o já existente.

É urgente a criação de um regime internacional que assegure direitos de pessoas vulneráveis à ação climática. É também importante para dar suporte a Estados afetados por desastres, que desestabilizam a capacidade de resposta, já que as instituições e governos ficam mais frágeis.