Claudia Andujar e seu Universo Sustentabilidade, Ciência e Espiritualidade

A exposição inédita faz parte da Ocupação Esquenta COP, que propõe novas formas de ver, sentir e agir diante da crise climática.

A Ciência Moderna – em seus 400 anos desde René Descartes (1596-1650) – trouxe muitas coisas boas para o mundo. Entretanto, há pelo menos três coisas que só pioram a cada ano: 1) emissão de gases de efeito estufa (e consequente aquecimento global); 2) perda acelerada de biodiversidade (que impacta água, ar, terra e saúde humana); e 3) desigualdade social (capital e recursos se concentra nas mãos de poucos).

A própria Ciência Moderna tem demonstrado inequivocamente que estes três problemas precisam de soluções urgentes para o bem da espécie humana e do planeta. Contudo, a ação prática nessa direção não tem acompanhado as evidências. Tal fato indica claramente que a Ciência Moderna só não basta para reverter os rumos cada vez mais preocupantes que o mundo tem tomado. Em um mundo em estado de policrise, não há conhecimento do qual se possa abrir mão, desde que seja democrático e amoroso.

A Arte e Espiritualidade, ao tocarem as emoções, são essenciais para impulsionar as transformações profundas que a humanidade precisa abraçar. A obra de Claudia Andujar promove justamente esses encontros, tão necessários quanto inusitados: da informação com a emoção, do ancestral com o moderno, do sacro com o transgressor, do sul com o norte, do visível com o invisível. O universo que esses diálogos criam é habitado por uma constelação de seres: humanos e mais-que-humanos, xamãs e mundanos, urbanos e silvícolas, retirantes e ficantes, artistas e cientistas.

O universo de Claudia antecipa a ciência do amanhã: aquela que emergirá do diálogo entre todas as formas de conhecimento amorosos e democráticos, sejam eles científicos, artísticos ou espirituais.

Fabio Scarano, curador do Museu do Amanhã

Claudia Andujar e seu universo: sustentabilidade, ciência e espiritualidade.

Claudia Andujar é um paradigma internacional de humanismo construído ao longo de décadas de dedicação a seu trabalho com a fotografia. Seu foco sempre esteve, sobretudo, nos segmentos da população brasileira que viveram à margem da vida, como os migrantes nordestinos, mulheres, afrodescendentes e indígenas do Brasil, entre outros. Nascida numa família judia em 12 junho de 1931 em Neuchâtel na Suíça. Quando ela tinha 5 anos sua família se mudou para a Hungria. Grande parte de sua família era judia. Seu pai foi aprisionado pelos nazistas e morreu num campo de concentração. Com sua mãe, a jovem Claudia se exilou em Nova York durante a Segunda Guerra Mundial, em fuga do Holocausto. Claudine Haas se tornou Claudia Andujar ao se casar com o espanhol Julio Andujar nos Estados Unidos. Em 1955, ela veio morar em vieram para São Paulo. 

Desde a infância, Claudia Andujar escrevia poemas e depois passou a pintar até que descobriu a fotografia.  “Na pintura, eu me fechava. Na fotografia, eu me abri” Sua entrega política mais surpreendente foi em prol da mudança da consciência coletiva sobre a violência das formas de hegemonia imperantes no país, por grupos que chegaram ao ponto de praticar o genocídio, como no caso dos garimpeiros historicamente espoliados de suas terras e bens e eliminados como povos. 

Para Claudia Andujar, a fotografia foi sua arma de “violentação da violência” social, dimensão tomada emprestada de Michel Foucault. O regime ótico de sua produção foi primeiramente marcado pelo compartilhamento de valores éticos necessários ao olhar de compaixão, simpatia e aliança com os dominados e à defesa da vida. Só depois, caberia pensar na excelência estética de sua fotografia. 

Sustentabilidade. A conservacionista Claudia Andujar colocou sua câmera a serviço da natureza. Sua produção fotográfica denunciou diante do mundo o genocídio dos povos indígenas da América do Sul, o genocídio, a espoliação das terras e dos saberes indígenas, o garimpo ilegal, inclusive como o envenenamento dos rios amazônico pelo uso do mercúrio.

Ciência. Aconselhada por Darcy Ribeiro, Claudia Andujar se encaminhou para documentar sociedades indígenas sobre o prisma do conhecimento antropológico, incluindo a vida simbólica e a cultura material dos povos originários. Claudia Andujar compõe uma história de mais de 150 anos de emprego da fotografia nesse processo investigativo, ao lado de Sebastião Salgado, Milton Guran, Elza Lima, entre outros – aqui referidos por conta da dimensão estética de suas imagens.

Espiritualidade. Em seus primórdios, algumas sociedades não brancas, consideravam que a fotografia “roubava a alma” dos retratados. Ademais, as sociedades indígenas foram catequizadas por missionários católicos, uma guerra simbólica hoje acirrada pelo exacerbado proselitismo de seitas evangélicas. O delicado respeito ético de Claudia Andujar pelas diferenças e especificidades das crenças resultou numa “arte sacra” sui generis ao registrar com formidável qualidade plástica cerimônias, adereços ritualísticos, cerimônias como a da ingestão dos alucinógenos religiosos, observando teogonias e unidade entre todos os seres que compõe a terra: água, pedras, montanhas, vegetais, animais, um reino da natureza no qual os humanos se inscrevem sem hierarquização de qualquer espécie.

Paulo Herkenhoff, curador da exposição.

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Ficha Técnica

Claudia Andujar

Curador Convidado 

Paulo Herkenhoff

Artistas

Claudia Andujar

Albert Frisch

Alexandre Rodrigues Ferreira

Almires Martins

Armando de Queiroz

Bené Fonteles

Carlo Zacquini

Carlos Papa

Chico da Silva

Christus Nóbrega

Cildo Meireles

Denilson Baniwa

Edu Simões

Fiona Watson

Flávio de Carvalho

Frans Krajcberg

George Love

Guy Veloso

Guilherme Vaz

Hal Wildson

Hélio Melo

Jair Gabriel

Jan Fjeld

João Farkas

João Trevisan

Johann Feindt

Jorge Bodanzky

José Joaquim Freire

Lew Parrella

Kaio Lakaio

Margareth Mee

Marcelo Rodrigues

Maria Sibylla Merian

Mario Cravo Neto

Mário de Andrade

Martijn Van Nieuwenhuyzen

Maspã Huni Kuin

Maureen Bisilliat

Miguel Rio Branco

Milton Guran

Olney Krüse

Paula Sampaio

Paulo Lobo

Paulo Sampaio

Ricardo Ribenboim

Robert M Davies

Seba Calfuqueo

Sebastião Salgado

Selvagem (Ciclo) 

Siri

Siron Franco

Solon Ribeiro

Thiago Martins de Melo

Tirry Pataxó

Valdir Cruz

Victor Moriyama 

Walter Firmo

Xadalu Tupã Jekupé

Xauãna Pataxó

Curador do Museu do Amanhã

Fabio Scarano 

Gerência Geral de Conteúdo 

Camila Oliveira

Equipe Curatorial

Caetana Lara Resende

Julia Deccache

Julia Meira

Rafael Salimena

Lorena Peña

Redação

Fábio Scarano

Paulo Herkenhoff

Rafael Salimena

Camila Oliveira

Julia Meira

Equipe de Produção 

Ingrid Vidal

Guilherme Venancio

Nathália Simonetti

Produção Artística

Karla Gama 

Projeto Expográfico

Leila Scaf Rodrigues - LSR arquitetura 

Projeto de Design 

Verbo Arte Design

Fernando Leite

Alice Garambone 

Projeto de Iluminação

Julio Katona 

Assistente de Expografia

Leticia Nasser

Atendimento ao Público

Wagner Turques Guinesi

Alice Villa Frango

Nilson Da Silva Ramos

Alessandra Batista Da Conceicao Penna

Brenda Pinheiro De Oliveira

Caio Correa De Sousa

Caue De Albuquerque Barroso

Douglas Porto Velho

Fernando Lopes Barbosa

Gabriel Da Silva Ramos

Guilherme Augusto Gouveia

Igor Pereira Alencar

Ismael Freire De Almeida

Jose Americo Da Rocha Filho

Jose Francisco De Souza

Luis Rodrigo Dos Santos

Mariana Macedo Do Nascimento

Matheus Dos Santos Oliveira

Queren Priscila Oliveira De Souza

Rafael De Souza De Almeida

Raisa Medeiros De Oliveira

Shirlei De Oliveira Chagas

Vinicius Marcelo De Oliveira Dos Santos

Vitor Santos Da Silva

Yan Gomes Silveira

Educação Museal

Stephanie Santana

Renan Freira

Bruno Baptista

Bianca Paes Araújo

Fernanda de Castro

Juan Barbosa

Julia Mayer

Juliana Câmara

Marcus Andrade

Maria Luiza Lopes

Nicolle Portela

Nicolle Soalheiro

Thainá Nunes

Vinicius Andrade

Vinicius Valentino

Execução da Estrutura Cenográfica 

Detagek

Gráfica 

Ginga Design 

Impressões Fotográficas

Estúdio 321

Thiago Barros Arte Lab 

Estúdio Lupa

Estúdio Lukas Cravo

Molduras

Jacarandá Montagens 

Metara

Montagem Fina

Kbedim 

Instalações Audiovisuais

Luiz Lima

Ana Barth

Bruno Carreiro

Edson Castro 

Vanderson Vieira

Inovatec Soluções Audiovisuais

Instalação Elétrica

Francisco Galdino

Diogo Freire

Marlon Vidal

Silas Miranda 

Alexandre Souto

Jefton Elias

Ezequiel Tavares

Jose Petrucio 

Camila Fraga

Produção de Montagem

Órbita

Equipe de Museologia

Tatiana Paz

Fabiana Motta

Camilla Brito

Museólogos

Flora Pinheiro 

Mayara Motta

Daniele Santos

Débora Koury

Aluane de Sá

Paulo Laia

Seguro das obras

Howden Brasil

Ezze Seguros

Transporte de Obras

Millenium Transportes

Revisão de Texto

Jade Medeiros

Versão em inglês

Jade Medeiros

Versão em espanhol

Larissa Bontempi

Acessibilidade tátil

Paju SA Engenharia 

Objetos sensoriais

Luiza Kemp

Acessibilidade de conteúdo

Juliete Viana

Projeto de emergência e elétrica

PI Projetos e Instalações

Agradecimentos

Jornal do Brasil

Instituto Moreira Salles 

Andrea Zabrieszach Santos

Marco Lucchesi 

Monica BN

Roberta Maiorana

Vânia Leal 

Ricardo Metara 

Thiago Barros

Victor Correia

Silvia Cintra

Victor Lucas Santos

Galeria Almeida e Dale

Stefania Paiva

Cauê Alves

Yuri Firmeza

Welington Rodrigues

Thiago Martins de Melo

Marília Razuk

Blanche Marie Evin

Guy Veloso

Fundo Z / Museu de Arte do Rio (MAR)

Marco Cirenza

Tirry Pataxó

Galeria Cana

Ronaldo Simões 

Carolina Olinto 

Hussein Rimi

Marcelo Guarnieri

Museu Judaico do Rio de Janeiro 

Eliane Pszczol

Marcelo Campos

Luiz Chrysostomo de Oliveira

Fotoativa

FotoRio

Museu Iberê Camargo

Airton Krenak

Anna Dantes

Selvagem 

Movimento Indígena das Escolas Vivas

Paulo Gurgel Valente

Ricardo Cantarino 

Carlo Cirenza / Carcara Photo Art

Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) / Universidade de São Paulo 

FGV Conhecimento

Sidnei Gonzalez 

Renata de Paula

UNICAMP

Estúdio Denilson Baniwa

Leo Pedrosa

Roberto Alban

Mauro Saraiva / Tsara