Agir é urgente

Em tempos de crise, é comum sentirmos dificuldade para imaginar um futuro diferente daquilo que estamos vivendo, quanto mais agir para transformá-lo.

Quando nossa única visão de futuro é o colapso, tendemos a paralisar. Isso acontece, entre outras coisas, porque as pessoas tomam decisões com base no que acreditam sobre a sociedade e o que está por vir.

É justamente nesses momentos que precisamos lembrar que a crise não é um estado permanente, nem significa, necessariamente, um caminho para o pior. A palavra “crise”, em sua origem, significa “momento de mudança súbita” ou “momento difícil, de decisão”. Ou seja, a crise pode ser um ponto de transição e, dependendo das escolhas que fazemos, pode nos levar a um futuro melhor ou mais desejável. 

Para que a crise seja de fato um período de transição, é preciso agir e tomar decisões com base na antecipação dos futuros que queremos criar. A seguir, apresentamos algumas ações essenciais para a mitigação das mudanças climáticas e a adaptação da sociedade aos seus efeitos.

Florestas em pé

No Brasil, uma das ações mais urgentes no combate à crise climática é zerar o desmatamento e preservar as florestas. Mas o que isso significa na prática, e por que é uma ação tão importante?

As florestas atuam como grandes reservatórios de carbono, capturando e armazenando gás carbônico (CO₂) da atmosfera por meio da fotossíntese. Porém, quando são derrubadas, o que acontece é exatamente o inverso: todo esse carbono armazenado é liberado de volta na atmosfera. No Brasil, o desmatamento, ocasionado principalmente pela expansão da pecuária e agricultura, é a maior fonte de emissões de gases de efeito estufa. É por isso que manter as florestas de pé é crucial para enfrentar a crise climática.

Mas não para por aí: além de sequestrar o carbono, as florestas também protegem a biodiversidade, o solo e as águas e exercem um papel importante na regulação do clima ajudando, por exemplo, a reduzir o calor e impedir a propagação de incêndios.  

Manter as florestas em pé significa também garantir condições de vida para os povos originários e populações tradicionais. Você sabia que eles são os grandes responsáveis pela proteção das florestas em nosso país? Estudos mostram que esses territórios têm os menores índices de desmatamento. 

Por isso, a demarcação de Terras Indígenas e a titulação de territórios quilombolas são estratégias importantíssimas no combate às mudanças climáticas.

Legenda:  Indígenas se manifestam no Acampamento Terra Livre. Brasília, DF, 2023. Foto: Ana Pessoa / Mídia NINJA, CC BY 4.0

A natureza como solução

Nas cidades, também é possível adotar medidas para enfrentar os efeitos da crise climática. Um bom exemplo são as Soluções baseadas na Natureza, que trazem benefícios tanto para o bem-estar humano quanto para a biodiversidade. Essas soluções envolvem ações para proteger, conservar e restaurar ecossistemas, considerando os aspectos ambientais, sociais e econômicos dos territórios.

Para combater ilhas de calor, melhorar o ar e regular as chuvas, as praças e parques urbanos com vegetação atuam como climatizadores naturais, prevenindo secas e reduzindo enchentes. Isso porque áreas verdes absorvem melhor a água da chuva e aumentam a umidade do ar. Além disso, oferecem lazer para a população, abrigo para a biodiversidade e melhoram a qualidade do ar.

Para evitar enchentes, filtrar e absorver água da chuva, existem os jardins de chuva — áreas rebaixadas, com a presença de plantas, que funcionam como esponjas naturais. Imagine um canteiro mais baixo que a calçada, capaz de armazenar e filtrar a água da chuva, evitando alagamentos. Há também as biovaletas, que ficam ao longo das ruas e funcionam como canaletas com vegetação que filtram água poluída antes de chegar aos bueiros e ainda escoam o excesso de chuva, reduzindo enxurradas em tempestades.

Para refrescar construções e aproveitar espaços ociosos, os telhados verdes são uma ótima solução. Eles consistem em camadas de solo e vegetação aplicadas em edificações, que reduzem a temperatura interna, retêm água e podem até produzir alimentos.

Agora, pense no seu bairro: há áreas verdes por lá? E Soluções baseadas na Natureza, você já viu alguma perto de onde mora?

Legenda:  Jardim de chuva em parque de Belo Horizonte, MG. Foto: Nereu Jr. / WRI Brasil, CC BY 4.0.

Transição energética justa

A energia está presente em quase tudo o que fazemos: no transporte, na indústria, no preparo dos alimentos e na iluminação das cidades.

Mas a maior parte dessa energia ainda vem da queima de combustíveis fósseis, como o petróleo e o gás natural, processo que libera grandes quantidades de gases de efeito estufa e agrava a crise climática. Por isso, é urgente fazer uma transição para fontes de energia renovável, como a solar, a eólica (do vento) e a biomassa.

Mas essa transição precisa ser justa! Ou seja, deve considerar os impactos sociais e ambientais do processo, garantindo que comunidades não sejam prejudicadas e que os benefícios da mudança sejam distribuídos de forma equitativa.

Embora a janela para enfrentar a crise climática esteja se fechando rapidamente, ainda há tempo para construir um futuro mais seguro e habitável. 

Legenda:   Usina de energia solar Foto: Kleber Reudo, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons  

Acesse nossos próximos conteúdos para entender como a crise climática nos afeta e quais são os caminhos possíveis para enfrentá-la.

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