Programa Evidências das Culturas Negras | Museu do Amanhã

Evidências das Culturas Negras

Educativo

Conscientizar ou evidenciar?

Foi a partir dessa pergunta que nasceu o programa Evidências das Culturas Negras do Museu do Amanhã. Entendendo que o ser humano tem autonomia para formar sua própria consciência, entendemos que um caminho para proporcionar uma autoconscientização a respeito de algum tema é expor as suas evidências. Nesse sentido, as outras perguntas que nos levaram a criar cada edição do programa foram: onde estão as evidências dos povos negros e de suas culturas na pulsante cultura brasileira? Em busca desse conhecimento, nos organizamos em torno de alguns temas que atravessam as pautas ligadas à existência negra, como cultura, sociedade, sexualidade, música, infância, saúde mental, cidades, entre outros. Promovemos então encontros entre o público e convidados e convidadas para que as evidências das culturas negras (no plural) não sejam apenas reminiscências, mas registros mais sólidos, repertório vivo da sociedade e das culturas brasileiras.


Conheça a história do programa

Criado em 2016, o Evidências das Culturas Negras é fruto de uma série de programas e atividades promovidas pelo Museu do Amanhã, a começar pelo Vivências do Tempo – Matriz Africana, que surgiu a partir da própria localização do Museu do Amanhã na região portuária, lugar marcado por sítios históricos como o Cais do Valongo, porto de chegada de milhares de africanos escravizados ao país e reconhecido pela UNESCO como patrimônio da humanidade. 

Para a construção do programa foi criada a Comissão da Matriz Africana do Museu do Amanhã, composta por parceiros de instituições locais, como o Afoxé Filhos de Gandhi, o Instituto dos Pretos Novos, nossos vizinhos, o nosso curador e equipe de educadores, integrada por David Alfredo e Luís Araújo, assim como especialistas dedicados à preservação e divulgação da cultura negra. 

Essa metodologia permitiu a construção de uma programação potente construída de forma colaborativa e democrática. Teve uma semana de duração e contou com um público superior a 8.000 pessoas e mais de 30 convidados participantes. O Seminário Mauá 360º foi incluído, com a participação do historiador chefe e do curador do recém inaugurado Smithsonian National Museum of African American History and Culture, assim como a equipe brasileira responsável pelo dossiê da candidatura, entre outros convidados.

O sucesso da programação, a demanda do público e a urgência do tema levou então ao Evidências das Culturas Negras, como programação regular do Museu do Amanhã, que passou a ser bimestral em 2018 e trouxe temáticas como Trabalho, Cultura, Política e a celebração de novembro com A Revolução é das Mulheres. A cada edição, convidamos de 2 a 4 palestrantes, escolhidas pela equipe do museu com a curadoria, com apoio de membros da Comissão de Matriz Africana.

Em 2018 tivemos como palestrantes a jornalista e economista Flávia Oliveira (membro da Comissão); a jornalista Ana Paula Lisboa; a Yalorixá Mãe Celina de Xangô, nossa vizinha; Mércia Silva, socióloga, e diretora do InPACTO Instituto Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo; o Babalawô Ivanir dos Santos; o poeta e escritor Éle Semog, entre outros.

Em 2019, a programação se tornou mensal e o seu fio passou a ser também a lei federal 11645/2008, complementar à lei 10639/2003. Abordamos temáticas como:

- As leis 10639 e 11645 e suas importância para as tradições afro-brasileiras e indígenas
- Tempos e Espaços
- Racismo: Prisma Social
- Educação: Substantivo Abstrato
- Literatura Brasileira: Fronteira e Controle
- Museu: Memória Afro-Indígena
- Arquitetura: Poder pela Estrutura
- A Ética do Deslocamento.

Em 2020, a primeira edição do Evidências aconteceu em maio com o tema Influência Digital, que contou com os influencers Jota Santos, morador de Magé, Baixada Fluminense do RJ, produtor de conteúdo e dreadmaker; Lucas Marques, blogueiro e intercambista na Europa, carioca da comunidade Acari; Influência Negra, coletivo que busca dar visibilidade a influenciadores, youtubers e criadores de conteúdos negres.

Os participantes falaram sobre como as plataformas de compartilhamento de vídeos talvez tenham se transformado na principal ferramenta de interação entre produtores e consumidores de conteúdo. A qualidade da produção dos vídeos pressupõe equipamentos mais modernos e potentes, além de estratégias de impulsionamento em várias outras redes sociais. Como na cultura audiovisual a excelência do conteúdo nem sempre rende muita atenção, podemos considerar que todos os preconceitos e entraves socioeconômicos interferem na visibilidade de um influenciador. Dos 10 maiores canais do Youtube, quantos pertencem a negros e quantos abordam as questões da população negra?

A segunda edição do Evidências, em junho, teve a presença de Aline Midlej, jornalista da Globo News e especialista em mídias digitais, e Lia Schucman, doutora em Psicologia Social (USP) com estágios no Centro de Novos Estudos Raciais e ativista antirracista. O tema foi Subjetividades e narrativas e o bate-papo girou em torno do engajamento dos brasileiros na luta contra as desigualdades raciais, a partir do reconhecimento dos privilégios existentes ao grupo que produz determinadas subjetividades e dominante de poderes políticos e econômicos.

O Museu do Amanhã é gerido pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão – IDG, e conta com patrocinadores e parcerias que garantem a manutenção e execução dos projetos e programas ao longo do ano. O projeto é uma iniciativa da Prefeitura do Rio de Janeiro, concebido em conjunto com a Fundação Roberto Marinho, instituição ligada ao Grupo Globo.