A Perimetral recai
O Rio de Janeiro vive a maior transformação em sua paisagem urbana desde o início do século XX. Se o desmonte do Morro do Castelo e a abertura da Avenida Central foram os maiores marcos daquele período, a derrubada do Elevado da Perimetral é o símbolo de uma nova metamorfose. A demolição representa a devolução de uma parte da beleza da cidade que ficou esquecida por muito tempo atrás de toneladas de concreto.
“Perimetral”, uma grande instalação artística, ressalta os contrastes e a escala desse momento de transformação da cidade. Ao longo do ano de 2014, a implosão do elevado foi registrada de diferentes trechos, com tecnologia de cinema, capturando ângulos inusitados e surpreendentes. Vinte câmeras gravaram do alto, de baixo, de fora e de dentro. Complementando essas imagens, foram captadas as reações de pessoas, de modo a recriar, cenograficamente, as condições da demolição.
As imagens, em alto contraste e numa sala escura, criam a imersão total do visitante. A cenografia forma um mosaico natural, físico, num ambiente irreal, fragmentado, que chama a atenção para as diferentes perspectivas que surgem ao redor. Interatividade é o elemento surpresa que insere o visitante nesse contexto: as pessoas exploram o espaço, se identificam e se encontram em meio à transformação.
“Perimetral” é um exercício de consciência temporal, em um ambiente destinado a afinar a atenção do público para algo ao mesmo tempo previsível e inusitado. O espectador só ouvirá o componente sonoro da mostra por meio de áudio-projetores paramétricos que neutralizam o som ambiente. O percurso em forma de “U” privilegia uma narrativa linear, fazendo com que os visitantes não tenham que voltar por onde entraram. A saída da exposição será nada mais do que uma renovada abertura para o hoje e o amanhã.