Quando a tecnologia confronta a ética | Museu do Amanhã

Quando a tecnologia confronta a ética

Exposição Principal
Curiosity, robô que explora Marte: 'capacidade cognitiva de uma barata' / Foto: NASA

Terceira atração do ciclo de palestras "A ciência nos bastidores do Museu do Amanhã", o físico e cosmólogo Luiz Alberto Oliveira, curador da instituição, conduziu a plateia a uma viagem pelos limites da vida artificial, passando pelo desenvolvimento de novos artefatos e pelas questões éticas que envolvem a revolução científica em marcha.

- Todas as antigas verdades são desconstruídas com as novas tecnologias. O robô que faz a exploração de Marte (Curiosity, que pousou no planeta vermelho em 2012), tem a capacidade cognitiva de uma barata. Se vocês já tentaram matar uma barata, podem perceber que o robozinho é muito esperto. A autonomização crescente dos sistemas artificiais o aproxima dos organismos vivos. Os horizontes que se abrem estão na fronteira do desconhecido. Como reconheceremos quando um sistema artificial atingir inteligência humana ou sobre-humana? - questionou o físico, na última terça-feira, no Observatório do Amanhã, espaço dedicado a debates e pesquisas do Museu.

Após fazer um breve relato histórico de fatos importantes da Ciência, como a descoberta do átomo - Albert Einstein, em 1905, demonstrou a existência da unidade básica de matéria -, Luiz Alberto falou sobre as recentes e profundas transformações no conhecimento.

- A partir do século XX, ao examinar corpos orgânicos e inorgânicos, os cientistas observam que todos eles são constituídos pelos mesmos átomos. Tanto os cristais quanto os gases, tanto protoplasmas quanto qualquer organismo vivo são formados com os mesmos elementos. A única diferença é o modo de organização, o arranjo - destacou. - Daqui a poucas décadas, sistemas artificiais serão até mesmo superiores à nossa capacidade cognitiva. Apenas teremos sido mediadores de aliens, de novas inteligências. Dialogaremos com elas. Como se uma nova humanidade tivesse sido semeada a partir da nossa, original.

"Que sejamos bons Michelangelos na arte de criar"

Mas toda essa revolução não se torna também perigosa, diante da possibilidade de criarmos novas formas indefinidamente?

- A única certeza são os imprevistos - avaliou o curador do Museu do Amanhã. - Os maus usos (das novas tecnologias) vão acontecer. Haverá tragédias terríveis. Desejo que sejamos bons Michelangelos na arte e beleza disso que vamos criar. Pela primeira vez, mais da metade da humanidade é letrada. Isso nos capacita para fazermos a boas escolhas. Educar nossas crianças e nossos líderes é tarefa de todos.

Sobre o "Ciência nos bastidores"

A série de palestras "A Ciência nos bastidores" reúne os cientistas que participaram da elaboração da Exposição Principal do Museu do Amanhã em conversas informais com o público. Estudiosos das áreas de Ciências Exatas, Humanas e Biológicas, ligados a universidades do Brasil e do exterior, desvendam aos visitantes os detalhes e desafios envolvidos no planejamento da exposição. 

As inscrições para o evento são gratuitas e não dão acesso às exposições do Museu. Os interessados podem se inscrever até cinco horas antes de cada palestra por meio de um formulário on-line, e o número de vagas está sujeito a lotação do espaço. Os encontros vão até 25 de fevereiro, sempre às terças e quintas-feiras, às 17h30.

Veja a lista completa dos palestrantes.

O Museu do Amanhã é gerido pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão – IDG, e conta com patrocinadores e parcerias que garantem a manutenção e execução dos projetos e programas ao longo do ano. O projeto é uma iniciativa da Prefeitura do Rio de Janeiro, concebido em conjunto com a Fundação Roberto Marinho, instituição ligada ao Grupo Globo.