Museu do Amanhã é palco de discussão sobre gestão de resíduos no Rio
O gerenciamento de resíduos – ou lixo – sólido é um grande desafio para a cidade do Rio. Além do tratamento adequado do lixo produzido, a emissão de gases de efeito estufa é uma questão ambiental que também precisa ser observada. Enfrentar estes problemas e gerar bem-estar, qualidade de vida e inclusão social só faz aumentar o desafio.
Com estas questões no horizonte, o Museu do Amanhã, em parceria com a COMLURB (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) e a C40 (Rede C40 de Grandes Cidades para Liderança Climática) realizaram, entre 31 de julho e 1 de agosto, um workshop de gestão de resíduos sólidos. A City Solutions Platform (CSP) – Desafio Rio de Janeiro teve apoio da prefeitura do Rio de Janeiro e da Clean, maior rede de empresas de tecnologias sustentáveis da Europa.
O objetivo da plataforma, segundo Luan Baptista, coordenador de iniciativas globais do C40, é facilitar o engajamento entre poder público e setor privado no desenvolvimento de soluções para os desafios para as cidades. “É preciso trazer o setor privado para a conversa porque ele pode ser um grande catalizador de mudanças”, completa ele. Além do setor privado, a plataforma agrega organizações não-governamentais e setores da academia na discussão. “A plataforma tem uma componente online para que os participantes avancem mais nas discussões depois do encontro, e também dá a possibilidade de outras pessoas interessadas entrarem na conversa, mesmo que não tenham participado dos encontros presenciais”, explica ele.
O Rio de Janeiro é uma das quatro cidades-piloto selecionadas em um processo competitivo para sediar os encontros da plataforma. Sydney e Melbourne, na Austrália, e Seattle, nos Estados Unidos, são as outras três. A qualidade da submissão da candidatura, ter um desafio concreto, objetivos claros e capacidade de implementação de soluções pesaram a favor da Cidade Maravilhosa, conta Baptista.
Representantes de instituições como Innovation Norway, Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, GIZ (Organização para Cooperação Técnica da Alemanha), PUC-Rio, FGV, UFMG e de empresas como a BYD (que fabrica veículos elétricos) e Ramboll Environ (de consultoria em engenharia ambiental) estiveram presentes nas discussões. “Não é uma plataforma de venda de soluções”, clarifica Baptista, “o objetivo é que juntas, estas instituições analisem os desafios e desenvolvam uma solução que se adere ao contexto local”, completa.
Nesta rodada de conversas que aconteceu no Museu do Amanhã, a Comlurb – Companhia Municipal de Limpeza Urbana – apresentou desafios em três áreas diferentes. O primeiro deles foi a implementação de uma unidade de tratamento mecânico no Caju, levando em conta a realocação responsável dos catadores que fazem coleta na região; o segundo diz respeito à implementação de uma usina de biometanização, também no Caju, que entrará em operação em breve. Aumentar a capacidade de receber resíduos de 50 para 500 toneladas diárias poderia, por exemplo, diminuir bastante o volume de resíduos levados para o aterro de Seropédica. Já o terceiro desafio diz respeito ao uso de caminhões de coleta que usem biocombustíveis.
Segundo José Henrique Penido, coordenador do escritório de sustentabilidade da Comlurb, o encontro foi muito importante para trazer ideias de pessoas que normalmente não fazem parte da tomada de decisões na Companhia. “A oficina foi muito além das minhas expectativas”, conta ele, “e a ideia de se ter uma ferramenta online para continuar a discussão, mantendo as propostas vivas e atualizadas, é uma boa maneira de não deixar a ideia morrer”, completa.
Para Aspásia Camargo, subsecretária de Planejamento e Gestão Governamental da prefeitura do Rio de Janeiro, o encontro foi bem-sucedido em seu objetivo principal, que era trazer vozes inspiradoras para planejar o futuro da cidade. Uma das ideias, conta, foi a de que o meio ambiente deveria ser visto como um ativo econômico. “Isto é importantíssimo para que mudemos a forma como olhamos e lidamos com os recursos naturais, bens de que o Brasil é bastante rico”, enfatiza. A cultura também, observa ela, seria mais valorizada se fosse vista como tendo papel econômico tão importante quanto seu papel simbólico. Por isso, a discussão da oficina foi “uma aliança perfeita e virtuosa entre meio ambiente e cultura”, enfatiza a subsecretária. Ela diz ainda que “foi muito importante que este encontro tenha acontecido no Museu do Amanhã. Isso dá uma visão clara e muito límpida de que o Rio é uma cidade inserida em um contexto global, que se atualiza, que sabe o que está acontecendo lá fora – e que olha para o amanhã”.
Por Meghie Rodrigues